Um conceito interessante desenvolvido pelo astrólogo inglês John Frawley é o conceito de latitude lunar.

Frawley usa o conceito de duas formas: uma para sinastria e a outra em previsões políticas.

Latitude e declinação.

Algumas pessoas confundem os dois conceitos, por isso é interessante falar em poucas palavras, mesmo que com um pouco de superficialidade.

Imagine que você está bem no equador. Quando a lua estiver no signo de capricórnio, você veria ela para o sul, pois em capricórnio a lua tem declinação sul. Quando a lua estiver no signo de câncer, verá o oposto, ela estará no norte. Em outros signos, ela terá uma posição intermediária. Assim, em áries ou libra qualquer planeta terá uma baixa declinação (Editado: não é latitude!)

Além disso, se você observar a lua todos os dias, verá que ela está sempre se movendo “para cima” e “para baixo”. Imagine a lua passando sobre Saturno. Você notará que a lua passa por cima de saturno. Muito tempo depois, repetindo a conjunção, você repara que a lua está passando por baixo de saturno. Isso é a latitude, o planeta se movendo acima ou abaixo da linha do zodíaco.

Editado: então, dois planetas em capricórnio, terão declinação de uns 23 graus sul. Mas um planeta pode ter latitude um pouco acima da eclíptica e outro um pouco abaixo, mesmo estando com aproximadamente a mesma declinação.

Editado: Como ver a latitude? Geralmente se pode ver a latitude “grosseiramente” ou seja, sem olhar nos dados das efemérides, apenas olhando a posição do nodo do planeta. Como estamos considerando apenas a lua, olharemos apenas os nodos lunares para ver a latitude da lua. Quando a lua estiver mais próxima dos nodos, a latitude será baixa. Isso porque os nodos são justamente o ponto onde a lua cruza a eclíptica (e portanto quando a lua tem latitude zero). Quando a lua estiver aproximadamente em quadratura aos nodos, a latitude tende a ser alta. Nao leve essa regra a ferro e fogo, é apenas uma aproximação

 

Lennon e McCartney

Frawley divide as pessoas entre dois grupos: os que tem muita latitude, seja norte ou sul (por volta de 5 graus ou mais de latitude) que ele chama de spikey e os de baixa latitude (cuddly). Minha tradução vagal seria “espinhoso” e “carinhoso” (para rimar).

Frawley diz que não tem palavras exatas para descrever facilmente o significado desses dois perfis, preferindo usar o “triângulo” entre Lennon, McCartnely e Yoko Ono:

Lennon – spikey

Paul McCartney – cuddly!

Yoko Ono – Spikey!

Frawley termina com a seguinte conclusão: “E então Lennon se divorcia de McCartey e vai com Yoko Ono em direção ao pôr do sol. Isso é tudo que você precisa saber sobre latitude lunar”.

Perfil

John Frawley diz que não consegue achar um vocabulário adequado para descrever os dois tipos. Ele diz que o Spikey tem mais tendência a “estar nas trincheiras liderando a revolução” e os cuddlys “de estar no caixa do seu banco local”. Óbvio que isso não deve ser levado literalmente… seria mais uma metáfora sobre conformismo e valores, na minha opinião. Os estudos que eu fiz me lembram muito um conceito da psicologia (não lembro o nome – pensava que era “campo aberto e fechado”, mas o google diz que estou errado. Acho que era teste de fechamento, mas na dúvida estou deixando em branco).

Esse teste era um simples teste de fechamento de formas abertas. Esse teste apesar de não ter validade superficial, era correlacionado com uma série de coisas como ter uma postura mais aberta ou fechada para a vida, ser mais flexível ou inflexível, etc, dependente do exterior ou mais independente do exterior (e portanto mais auto-direcionadas).

As pessoas de latitude lunar alta me parecem que não são tanto revolucionárias, são mais de campo independente, menos orientadas aos valores dos outros, a se adaptar e ser flexível. Os de latitude baixa parecem ser mais adaptáveis, mas também mais preocupados com a opinião e valores dos outros, e a querer se encaixar na sociedade de qualquer forma.

Sinastria e horária

Como a maioria das técnicas de sinastria, essa não vai dizer se você vai ficar com o Maurício, Fabinho ou o Júnior.

As pessoas tem dificuldade de entender isso. Uma vez uma pessoa queria uma sinatria com fulano. Depois de eu ter explicado que uma sinastria não ia dizer se eles ficariam juntos (eles nem namoravam), ela queria mudar a pergunta para “ah, veja se caso a gente ficasse junto, se a gente ia se dar bem”. Obviamente a consulta nunca foi para frente…

A única técnica astrológica que vai dizer se você vai ficar com Fulano ou Beltrano é a horária. O fato de você ter uma progressão de vênus PODE mostrar um relacionamento, mas nunca vai dizer com quem.

E a sinastria? A “compatibilidade” com um certo mapa obviamente não diz nada de prático. Basta pensar que você pode ter compatibilidade excelente com bilhões de pessoas do mesmo sexo (ou do outro sexo) com as quais você não teria interesse nenhum. Ou que estão muito longe, ou de classe social diferente, etc. De que adianta ter compatibilidade com o Brad Pitt ou com a Megan Fox se você nunca vai nem falar com eles?

De uma maneira geral, sinastria(e a latitude lunar)  não tem nenhuma força que “impele” ao relacionamento. Isso geralmente é dado pelo contexto (quem está disponível que está dentro do que se considera aceitável). O máximo que a sinastria vai dar é a possibilidade de se ficar juntos quando a coisa fica feia, ou se vão separar na primeira crise.

De acordo com Fraley, as pessoas de latitude lunar alta estão melhores com pessoas de latitude lunar também alta, e vice-versa. É uma idéia de compatibilidade mais do que de complementaridade aqui.

Latitude lunar e política.

Outra idéia de Frawley é que a latitude lunar está relacionada à política: partidos e pessoas de partidos mais “extremos” teriam alta latitude lunar (sejam de esquerda ou direita). Partidos e pessoas de “centro” teriam tendência a latitude lunar baixa.

Frawley também diz que a latitude lunar sul seria “conservador” e latitude norte seria “liberal” (ou “revolucionário”?), mas na prática, as cartas que estudei ás vezes mostram exatamente o contrário, então esse ponto eu não levaria muito a ferro e fogo. Talvez dependa do contexto do país. Afinal a média do eleitorado americano é muito mais direitista do que a média do eleitorado brasileiro ou inglês, podendo trazer essa dificuldade de comparar políticos famosos de diferentes orientações políticas, quando são de países distintos.

PS: Com agradecimentos aos comentários de Feedback amavelmente oferecidos.

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Comments

  1. Se entendi, pelos exemplos, suponho que latitudes mais baixas seriam as mais próximas dos signos Áries e Libra – é isso mesmo ?

  2. Yuzuru, uma dúvida que sempre tive, mas sobre a qual não há muito consenso, é referente ao ponto Áries, em 0º de Áries. Depois que eu entendi sobre a declinação, eu supus que o ponto 0º de áries representa a direção leste “ideal”, por ser o ponto intermediário da ecliptíca à leste, algo que deve ter sido definido a priori, pois seria impraticável medir o ponto de torque da primeira rotação da Terra, mas é possível saber que ela foi impelida na direção oeste a partir da lesta na sua rotação. Isso explicaria o pq de Áries ser associado com a primavera, independente do hemisfério, pois o Sol foi associado à seção leste, e por conseguinte Libra seria o oeste, associado ao poente e a Saturno, e tb ao outono. Afinal de contas, a inclinação pela precessão da terra não é essencial, mas sim um “acidente”, na concepção astrológica. Daí, há uma explicação lógica e de fácil compreensão para a não inversão dos signos nos hemisférios, principalmente pq a terra gira do leste para o oeste, e a direção norte é sempre para cima e o sul para baixo, do ponto de vista geocêntrico.

    O que vc acha disso?

    1. Eu uso um modelo platonico – essencial primeiro, acidental depois.

      Já os astrólogos modernos consideram o acidental primeiro, porque assim acham mais “cientifico” (apesar da ciencia nao reconhecer, e nunca irá, a astrologia). Entao os zodiacos sao invertidos, constelacionais, heliocentricos, com todos os corpos possiveis sendo colocados, 15 níveis de aspectos, mesmo em signos que nao enxergam um ao outro, etc. É uma estrada escorregadia e muito perto do abismo.

      Há diversos motivos para os signos serem como sao, inclusive estacoes do ano, declinacao, ciclos dos planetas, filosofia natural, simbolismo constelacional, etc. Em nenhum ponto da história os signos foram escolhidos para serem dessa maneira por um único fator, e aí está o erro dos reformista (fora, é claro, uma profunda ignorancia dos motivos originais).

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