Em que ano nasceu os EUA ?

Como já discutimos em “Que país é esse ?“, os modernos buscam incessantemente por uma “carta de nascimento verdadeira” para os EUA. A maioria dessas cartas são do dia 4 de Julho de 1776, apesar de algumas serem de outros dias do mesmo ano. A questão de “qual é a verdadeira” é puro gosto: briguinhas são frequentes, e os argumentos beiram o absurdo, com cartas variando de 2 da tarde às 2 da manhã. Entre os ascendentes utilizados estão gêmeos, sagitário e escorpião, entre outros.

É claro que existe uma questão muito mais profunda que está sendo ignorada ! O exato momento em que alguém assina um livro ou dá um gritinho, como no caso brasileiro, é realmente fundamental para se colocar como “o nascimento” de um país ?

Como os antigos faziam ?

Os antigos tinham uma série grande de técnicas a sua disposição, ao contrário de hoje em dia, em que a maioria dos astrólogos somente tem duas técnicas a sua disposição: a carta natal e os trânsitos planetários !

Como é óbvio, um país não nasce num determinado momento, então não podemos criar uma carta pra ele: ou seja, no fundo, não importa se D. Pedro gritou ao meio dia ou as 7 da noite, nenhum dos dois momentos seria considerado minimamente relevante !

A técnica seria procurar os movimentos celestes, que tem uma natureza “universal” e são por isso a base da astrologia mundana. O principal desses movimentos é o ingresso do Sol em áries, e a conjunção de Júpiter e Saturno.

As grandes conjunções

Júpiter leva 12 anos pra dar uma volta no zodíaco. Saturno leva 29 anos. Os dois vão se encontrar em algum ponto a cada 20 anos aproximadamente. A última conjunção dos dois foi no signo de Touro.  Durante mais ou menos um século, os dois se encontram sempre em signos do mesmo elemento. Por exemplo, no último século, todas as conjunções foram em signos de Terra (com exceção da penúltima, nos anos 80, que marcava a transição). A partir da próxima, todas as conjunções se darão no signos de ar.

E, em períodos irregulares, mas que são de mil e poucos anos, as conjunções vão para o signo de Fogo, e começam assim novos “inícios” para a humanidade. A última vez que a conjunção passou para o fogo foi no século 15.

Os grandes Ciclos da Humanidade

A concepção que temos de “país” é muito primitiva… consideramos como se os estados-nação fossem algo natural, universal e que existissem desde sempre. Nenhuma dessas pretensões é verdadeira. Acreditamos muito em bobagens que aprendemos na escola, como a de que “o poder do Estado vêm do povo”. Ora, se foi o Estado que criou o povo, e não o contrário !

Foi a partir da formação dos Estados Nação, que suas elites governantes criaram artificialmente o conceito de “povo”: é a doutrinação em símbolos nacionais, educação de histórias falsas do surgimento orgulhoso do povo, etc. Então nós brasileiros nos “orgulhamos” de nossos pratos típicos, nossas florestas, e outras bobagens típicas aprendidas na escola. Os colômbianos, peruanos, uruguaios, argentinos, se orgulham de coisas igualmente tolas, mas felizmente não sabemos disso, e nosso orgulho fica protegido. No primeiro dia que você ouve um colombiano se orgulhando “da beleza de nossas praias”, garanto que você começa a pensar de onde ouviu isso antes…

Já os antigos tinham uma concepção mais “sociológica” do poder… O poder na sua forma violenta só garante a posse de um ditador. A qualquer momento um outro ditador entra, o mata, e toma seu poder. O ditador necessita de outras garantias, como o apoio das elites, do exército, etc, para manter seu poder. Mas mesmo isso não garante que seus filhos vão manter o poder, ou seja, que sua dinastia seja forte.

Assim Abu Mashar definiu que a base última de um Poder que possa fundar e manter um império é o poder da “religião” definida aqui de modo amplo, como as bases que dão legitimidade à Lei. E é a Lei que dá legitimidade ao governador,  e é essa lei que garante a continuidade do poder, que existirá enquanto a religião mantiver a coesão do povo com o seu regente, e o respeito deste às leis que o regulam.

A cada vez que a conjunção de Júpiter-Saturno vai para o elemento de Fogo, temos o possível nascimento de uma “nova religião”. A última foi no século 15, e culminou com a “religião” atual – o capitalismo secular humanista cientificista que dá a legitimidade às Leis e aos governantes.

Estados Unidos e outros países

A data exata em que alguém declara um país como “existente” nunca foi considerada como importante. O que se fazia era determinar o inicio da “dinastia”, ou seja, qual o primeiro rei que tomou posse, dentro de uma certa Lei, dentro de uma certa Religião.

No caso dos Estados Unidos, o primeiro presidente a tomar posse, dentro da Lei Constitucional, o fez em 1789, e não em 1776. A última data é alegórica, mas não seria considerada como importante.

E no caso do Brasil, com seus múltiplos golpes de Estado ? Aqui fica mais dificil, principalmente porque não sabemos se esses golpes são “refundações” ou se são apenas “soluços”. O mesmo vale para Hitler na alemanha. É um solavanco, ou é uma total mudança do regime político, social e cultural ?

Quando Deodoro da Fonseca “proclamou a república”, nada mais fez que dar um golpe de Estado. Ele somente foi instaurado enquanto tomando posse em nome de uma lei, após a constituição de 1891, sendo eleito presidente em 25 de Fevereiro de 1891,  e tomando posse no dia seguinte. É claro que seguindo a mentalidade míope brazuca, uma das primeiras coisas que tentou fazer é instaurar seu próprio golpe de estado, mas deixa isso pra lá…

Mas um aviso: essas datas são tentativas e ninguém ainda tem certeza de como se interpreta a carta de um país, sem cair em banalidades como a “personalidade de seu povo”. Mas parecem ser um bom ponto de partida.

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