Qual o melhor método para se aprender astrologia ? R: Errar é preciso, viver não é preciso !

errar é humano em astrologia

O melhor método de aprender astrologia é fazer previsões e errá-las !

É, você ouviu corretamente… Porque a única maneira de acertar sempre é fazer previsões depois do fato, ou então falar coisas vagas, sem qualquer possibilidade de verificação concreta ou empírica. Por exemplo a cada acidente ou desastre, aparece um monte de teoria astrológica explicando, mas nenhuma prevendo… isso não serve pra nada em astrologia. Ou então astrólogo famoso no Brasil que, em 7 cartas analisadas (que eu vi), em 5 comentou sobre problemas de parto e com a mãe !

Levando isso em conta que eu defendo que as pessoas aprendam primeiro a astrologia horária. A horária, como diz o Christopher Warnock, é como uma cirugia cardíaca… não é porque o paciente está aberto que você vai olhar o fígado. Veja, dê a resposta e pronto. A horária tem outra vantagem: é feita de respostas objetivas a perguntas concretas feitas pelo querente, e por isso você acertará e errará, e saberá porque errou muito mais rapidamente.

Tem gente em astrologia que odeia previsão, acha uma atividade muito menor do que o “aconselhamento espiritual”. Mesmo que você concorde, aconselho a começar pela previsão, e só depois ir pelos caminhos mais esotéricos. Gente que vai primeiro por esse caminho depois nunca aprende a prever, porque o cérebro ficou cheio de vícios. É melhor aprender a técnica e depois, se quiser, abandoná-la.

A Águia e a Cotovia – A necessidade de Técnica e Intuiçao.

Era uma vez uma águia. Ela podia voar muito alto, vendo os Deuses, mas sem nunca falar com eles pois não sabia cantar. Era uma vez uma cotovia. Sua voz era excelente, mas voava muito pouco, em altitudes muito baixas para seu canto alcançar os céus. As duas encontraram a solução com a cotovia subindo nas costas da águia, e as duas juntas poderem cantar para o firmamento.

Essa poderia ser mais uma metáfora vagabunda de “trabalho em equipe”, mas é a introdução do livro da astróloga australiana Bernadette Brady sobre astrologia preditiva, the Eagle and the Lark, que ilustra o casamento entre técnica (águia) e intuição (cotovia). A intuição sem técnica não voa alto, e precisa de muito esforço para conseguir pobres resultados. A técnica sem intuição alcança as alturas, mas sem brilho ou beleza, não transcende. Mais do que uma moral de “vamos combinar as duas”, a astróloga defende que se saiba separar bem os domínios das duas.

astrologia preditiva

Brady defende que cada astrólogo tem sua “teoria do destino” que é o que nos permite prever… se não houvesse nem um pouco de destino, não seria possível prever nada. No entanto cada astrólogo tem que definir o que crê possível e impossível de se prever.

O modelo de destino da astróloga em questão é como um “teste de múltipla escolha”… a pessoa recebe uma série de perguntas, digamos “saturnianas”: pode ser desde uma depressão a uma promoção, e que cabe a pessoa tem uma margem de manobra de escolher que tipo de pergunta vai viver.

Não digo que acredite nesse modelo, mas ele tem um ponto muito interessante. Nesse modelo de previsão, a intuição fica com a parte de descobrir qual é a “pergunta”, qual opção vai ser vivida pela pessoa. A técnica só te leva a um ponto, o resto fica pra Cotovia. Eventualmente a intuição falha, mas isso é esperado, nenhum artista pinta sua obra-prima todos os dias. No entanto quando a técnica falha, então você tem que parar tudo, se trancar, revisitar suas cartas antigas, e repensar seu modelo, pois quando a técnica falha, mesmo que uma única vez, algo está muito errado !

Errar é preciso !

A frase mais citada em livros de auto-ajuda sobre Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica, é sobre suas inúmeras tentativas frustradas antes do sucesso: “Aqueles foram passos do caminho. Em cada tentativa, eu encontrava um modo de não criar a lâmpada elétrica. Eu estava sempre disposto a aprender, mesmo através dos meus erros”.

Acredito que esse seja um bom conselho para astrólogos. Vejo por toda a internet um monte de gente que nunca dá a cara à palmatória, nunca tenta por medo de fracassar, mas que está sempre disposta a criticar quem tentou.

A cultura brasileira também estimula muito as “artoridades”… qualquer mediocre que tenha lido a orelha de dois livros se acha especialista em astrologia, Foucault, mecânica quântica… mas estudar que é bom também nada. A “artoridade” é inatingível, e quer ser inatingível, afinal somos uma cultura de casa grande e senzala, por isso desconfie muito dos que “nunca erram”. “Ah, só duas vezes que interpretei um mapa natal errado”, foi uma das coisas que já tive que ouvir, fazendo minha cara de seriedade.

Use como um bom indicador de que a pessoa nunca se arriscou a errar ou é picareta até dizer chega. Se até os maiores astrólogos da história nunca chegaram ao cúmulo de dizer que “nunca erraram”, na internet qualquer zé mané se acha o avatar da técnica.

Arrisque-se: comece com horárias, ou se você for aprender astrologia natal, não use sua própria carta (você sabe muito sobre si mesmo). Pegue de um amigo de um amigo, sem saber nada sobre a pessoa, e corra o risco de quebrar a cara. Lembre-se “ninguém nunca aprendeu nada por estar certo”

 Artigos relacionados

Comments

  1. Excelente artigo Yu, de fato vimos muito por aí “artoridades” que só são autoridades em julgar os outros, isso sim! De qualquer forma, eu que estudo astrologia de forma autodidata, tenho visto que horária é uma técnica bastante lógica e exata, me encanto cada dia mais com horária. E vamo que vamo!!!

  2. Cara e eu que achava q tinha a língua afiada! Humildade é uma coisa que deve nos acompanhar sempre. Você é pérfido. Superou-me. Que fique registrado minha profunda admiração por sua capacidade maquiavélica.

  3. Muito bom artigo, direto e esclarecedor. Pergunta chata: que autores/bibliografia você recomenda para um (quase) autodidata?

    1. Vá ao site skyscript.co.uk e aprenda todos os tutoriais

      depois voce pode comprar “the horary textbook” do frawley. O livro é bom, mas ensina conceitos como recepcao totalmente errados, por isso é bom já ter uma base.

      Depois voce pode ler originais como Lilly.

      Após isso eu sugiro comprar Sahl e Mashallah para entender os fundamentos tradicionais antes do renascimento.

      Astrologia como em tantas coisas, menos é mais. Melhor ler profundamente. Muita gente agora comecou a brincadeira de ter 500 referencias na estante, mas com pouca leitura e reflexao

  4. Yuruzu,

    como você pode notar ;), tenho dedicado boas horas ao teu espaço. O entusiasmo está no objeto de estudo, mas se estende a sua lucidez.

    Na minha arte (a Literatura), tingir o nível técnico de excelência descamba para o virtuosismo, e é aplicação de raríssimas e pedantes criaturas. E há o outro extremo, que despreza a “virtude” do esforço em troca da ideia de ser gênio com luzes próprias, acometido pelos textos, em formas de um raio brilhante e de uma série de manias descritas com um prazer narcisista mórbido. Há também aqueles que se contentam com a mediocridade.

    Claro que as exceções fazem a alma respirar. A ideia de um trabalho sério, com propósitos definidos, método, técnica apurada diariamente e, sim, abertura à inspiração, ao mistério, que flui imprevisível “entre as frestas da potência/ e da intuição metódica”, como escrevi em um poema do meu segundo livro.

    Beijos.

    1. Eu noto que há sempre um conflito entre extremos, em todas as áreas do conhecimento e prática humanas. Conflito entre virtuosismo e “intuicionismo”, ou entre materialismo e solipsismo, etc.

      Eu tenhouma certa expertise em áreas bem diferentes: bolsa de valores, ensino, administracao, astrologia, e em todas parece sempre a mesma novela, mas com diferentes atores.

Deixe uma resposta