De Bonatti, Capítulo sobre as Chuvas, página 1453 tradução Ben Dykes

1 -Se em qualquer mês quiser saber se haverá chuvas, faça o mapa da conjunção do sol e lua, e você verá que planeta os aspectam, de que casas, e de que mansões lunares. Porque se aplicarem planetas que trazem chuvas ou de mansões úmidas, indicam um mês chuvoso. Mas se os aspectos dos planetas que trazem chuvas vierem de signos secos isso diminuirá as chuvas para um terço ou um quarto do previsto.

2 -Se vênus aspectar saturno (especialmente se vênus transferir a luz de marte, mercúrio ou júpiter) poderá prognosticar chuvas sem dúvidas.

3 -E se além disso um dos planetas acima aplicar ao sol, indicarão alguma forma de chuva, porque a natureza do sol neste caso representa mais o úmido do que a secura.

4 -Também haverá chuvas fortes se o sol e vênus estiverem conjuntos e na mesma mansão, da natureza de um dos dois, e além disso devem estar em uma boa casa e receber aspecto do dispositor do signo onde estão.

Na última lunação temos um exemplo razoavelmente parecido, com vênus bem próximo do Sol.

sol e vênus estão conjuntos (e com marte), numa mansão lunar que é chuvosa. O dispositor é o próprio sol. Estão numa boa casa, não angulares. Saturno está no IC, prometendo frio, névoa e tempo fechado.

5 -O dia de grandes chuvas será quando a lua transitar (em algum momento depois) o grau da sua conjunção do sol na carta que fizemos, e ao mesmo tempo aspectar júpiter ou mercúrio, em um signo de ar ou água (principalmente se júpiter ou mercúrio tiverem latitude sul). E isso é ainda mais forte se houver recepção entre os planetas.

(Mashallah diz mais ou menos o mesmo, mas ele não se importa com o grau da lunação, e sim com os ângulos da carta de lunação. Isso permite “localizar” os efeitos para onde a carta foi criada, enquanto o grau da lunação é igual para todas as partes do mundo. Mashallah também não menciona Júpiter e fala mais de vênus e mercúrio).

6-E você verá se um planeta inferior (mercúrio, vênus ou sol) se aplicar a um planeta superior (marte, júpiter ou saturno), especialmente com latitude (ou declinação?) sul, pois isso indica chuvas.

A aplicação de um planeta inferior a um superior é comumente chamada de abertura dos portões. Mas Bonatti não está colocando a doutrina completa – a abertura dos portões ocorre quando um planeta encontra o regente do signo oposto, ou seja, vênus e marte, mercúrio e júpiter, lua e sol contra saturno. Por exemplo, no mapa de (4) veja que marte e vênus estão conjutos, portanto abrindo os portões, já que regem signos opostos, como áries e libra, touro e escorpião. Também não vemos normalmente essa condição de planetas ao sul.

7-E Abu Mashar diz para ver se a lua está fazendo aspecto separativo a vênus, pois isso diminui as chuvas […]

Comentário

Este capítulo é típico para a previsão de chuvas e é quase idêntico a outros de Mashallah ou Abu Mashar. Se cria um mapa para a lunação (lua nova, mas geralmente lua nova ou lua cheia) e este momento é usado para julgar as chuvas.

Um dos problemas desse tipo de texto é que todas as considerações são gerais, iguais para o mundo inteiro. Por exemplo “veja se o grau da lunação está conjunto a vênus” é igual para todo o mundo. Pode ser um bom indicador de tendência, mas não explica se isso afetará o Brasil ou a China.

Para “localizar” as tendências para uma região, uma solução é pegar apenas locais onde planetas prometendo chuvas estão angulares.

O único lugar onde Bonatti se destaca é no uso das Mansões lunares, uma adição posterior ao jogo que quase não se encontra em textos mais antigos. No entanto é sugerido a leitura sobre as Mansões antes de encontrar Bonatti, já que o texto tem inúmeros erros na nomeação das mansões.

Outra pequena diferença é que Mashallah só menciona vênus, mercúrio e lua como planetas de chuva, Bonatti parece admitir Júpiter, pelo que entendo do texto.

Comentário irrelevante: apenas para desopilar o fígado, quero comentar as horríveis notas de tradução que Ben Dykes coloca: são inúmeras, atrapalhando o texto e não esclarecem absolutamente nada, enquanto as partes do texto que necessitam desesperadamente de um bom comentário de contextualização passam sem nada.

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