Entramos na internet e vemos uma nova técnica astrológica maravilhosa. Alguém escreveu um post gentilmente oferecendo uma técnica secreta para os outros. Uma técnica que, promete, dá resultados em 100% dos casos e nos oferece novos e fascinantes horizontes.

Mas será que valhe a pena? Será que funciona? Como fazer bons testes astrológicos, como ver se as técnicas funcionam?

As boas almas do mundo dizem que a gente não pode “falar mal” porque não testou pessoalmente. Como eu não me incluo nesse grupo de pessoas, eu digo, sim, você pode e deve aplicar seu filtro sobre o que funciona e não funciona.

Testar uma técnica astrológica é trabalho duro e que envolve bastante tempo. Na verdade, é aí que separamos quem realmente ama a astrologia do povo do facebook e do marketing pessoal. O povo do new age raramente vai gastar as horas necessárias para realmente aprender astrologia, que é na frente do mapa.

O astrólogo Robert Zoller dizia uma vez que nunca usava uma técnica com um cliente sem que a tivesse testado em pelo menos 300 mapas. Você realmente acha que a turma do paz e amor se dá esse trabalho?

 

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Infelizmente, muitas vezes apenas trabalho duro não funciona, e precisamos de algo mais, de metodologia. Então aqui eu falo um pouco sobre alguns conceitos que são importantes para a gente poder tirar proveito. Para isso faço algumas analogias entre medicina e astrologia.

Medicina

Na medicina, nós temos um diagnóstico clínico. A partir de uma série de sintomas, nós juntamos esses sintomas em conjuntos limitados de síndromes. Essas síndromes, por sua vez, podem ter um número diferente de causas e apresentações. Mas no fundo todo diagnóstico é baseado em um tripé: apresentação temporal, síndrome e epidemiologia (fatores de risco, exposição ou diferenças entre grupos).

A partir desses critérios, o médico pode fazer uma série de testes, desde os mais simples que se fazem no consultório, como ver se o pescoço está duro para diagnosticar meningite, até exames de sangue, genéticos ou uma ressonância magnética. Mas todos eles vamos considerar como testes.

Mas, como uma vez me disse o Roberto Shiniashiki (longa história), parece que cada vez mais os médicos estão tão dependentes do teste e já não sabem diagnosticar baseados no que deveriam saber.

Isso é causado em parte pelo avanço da tecnologia, causando uma ideia falsa de magia tecnológica, ou seja, que o teste diz a verdade. Como saber se a pessoa tem HIV? Fazemos um teste. Como saber se está grávida? Fazemos um teste.

Na verdade, os testes estão longe de serem divinos, e só podem ser interpretados dentro de um contexto de sindrome, apresentação temporal dos sintomas e epidemiologia.

O mesmo teste positivo para um homem e uma mulher com os mesmos sintomas pode significar coisas totalmente diferentes.

Mas o básico para entendermos a questão é simplesmente o conceito de falsos positivos e falsos negativos.

Um falso positivo é a proporção de positivos em 100 pessoas que sabemos que não tem a doença. Ou seja o teste errou ao deixar uma pessoa saudável com medo ou pior, fazendo um tratamento desnecessário.

 

Doente Saudável
teste Positivo Ok Falso Positivo
teste Negativo Falso Negativo Ok

Um falso negativo é a proporção de negativos em 100 pessoas que sabemos que têm a doença. Ou seja, o teste errou ao deixar uma pessoa doente sem tratamento, ou pior, transmitindo a doença.

Testes astrológicos

O que são testes então na astrologia? No momento  podemos pensar em testes como qualquer técnica que vamos usar para chegar a uma conclusão ou previsão. Pode ser por exemplo, algo muito simples ou muito complexo:

  • Em retornos solares, eu acho que venus na casa 7 dá casamento.
  • Será que trânsitos de Plutão causam morte?
  • Direções secundárias para um planeta na casa 10 causam sucesso?

O que os astrólogos geralmente fazem? Eles simplesmente pegam uma amostra que eles sabem que é positiva e fazem o teste. Isso seria o equivalente a pegar um grupo de pessoas que sabemos que estão doentes para verificar a eficácia do teste.

Obviamente, queremos que a proporção o teste dê positivo para quase 100% das pessoas que sabemos que são positivas. Isso, no entanto, não é suficiente. Porque nós queremos que a taxa de falsos positivos também seja baixa.

Nos exemplos acima, vamos supor que eu pego uma amostra de 100 pessoas no ano em que se casaram e eu vejo que, nesse ano, em apenas 50% dos casos, venus está na casa 7. Mas daí eu percebo que Urano está transitando Escorpião em 70% dos casos. muito melhor, não?

Mas, o que a maioria dos astrólogos não faz, é pegar uma amostra de pessoas que nós sabemos que NÃO se casaram no ano em questão, e fazer a mesma comparação e ver quantos “falsos positivos” nós temos. No exemplo acima, vamos supor que no caso de vênus, apenas 10% das pessoas que nao se casaram durante o ano tiveram venus na casa 7, comparado com os 50% do grupo que se casou. Então vemos que a taxa de falsos positivos é 10%, mas bem inferior a taxa do grupo teste.

Agora vamos pegar o caso de urano transitando escorpião e nos damos conta que, no grupo controle, nós temos 75% das pessoas com Urano em escorpião, ou seja, nosso teste não vale nada. Isso é causado obviamente, pelo fato de Urano ser um planeta lento, e se você pegar um grupo de uma certa idade, todas as pessoas vão ter urano no mesmo signo. Parece óbvio, né? Mas isso foi retirado de um exemplo real, de um estudo sobre suicídio.

Eu fico por aqui hoje, se quiser saber mais, pode ouvir mais no podcast sobre o tema:

Gostou do artigo? Quer aprender mais sobre astrologia? Então só há uma solução:

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